Tic Tac


    Vivemos em um ciclo, sempre reiniciando-o, de forma a não finaliza-lo. Aguardamos sempre pelo final de semana, para agirmos de maneira que as ações da semana já vivida passem como se não houvessem consequências. A ideia é zerar os acontecimentos, como num jogo, que ao final das sete vidas, reiniciamos  sem pensar naquilo que fizemos de certo ou errado.
     O mesmo se dá com o final de ano, na virada, deletamos tudo aquilo que fizemos durante os trezentos e sessenta e cinco dias passados, não pensamos em nada que não seja os novos dias a serem vividos, mesmo que isso signifique permanecer com o mesmo ciclo vicioso. O rito da passagem do ano, só nos lembra momentaneamente o que devemos mudar, e tais pensamentos são logo engolidos pela euforia do momento.
    O que será que aconteceria se tais reflexões fossem levadas a cabo, se um novo dia representasse realmente uma nova perspectiva de vida e novas ações, provavelmente chegaríamos a novos níveis de envolvimento e evolução humana. Mas por que no acomodamos com tão pouco? Com este simples panorama de só começar do zero, qual o problema de iniciar o novo dia tentando nos corrigir, reparar aquilo que não foi como o planejado? Talvez seja  esta a grande questão, reconhecer que muitas das vezes estamos errados, reconhecer que talvez se fôssemos um pouco melhores a cada dia haveria uma real mudança, não só conosco, mas com as pessoas a nossa volta, talvez a responsabilidade nos assuste, por isso o comodismo nos seja tão atraente.

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