Eu, você e Ferreira Gullar

 Nascido em dez de setembro de 1930, como José Ribamar Ferreira, Ferreira Gullar foi um importantíssimo contribuinte da literatura brasileira. Entre suas obras estão poemas, ensaios, contos, crônicas e livros infantis; além de contribuições para a TV e cinema. Mas vamos contar sua história desde o princípio, Gullar nasceu em São Luis no Maranhão, um dos onze filhos do casal Newton Ferreira e Alzira Ribeiro Goulart .
 Começou seus estudos em sua cidade natal, sendo que aos treze anos passou a escrever suas primeiras poesias. Ingressa na Escola Técnica de São Luís com o objetivo de aprender uma profissão, mas desiste aos dezoito anos. Já em 1949, passa a assinar como Ferreira Gullar e lança seu primeiro livro de poesias, " Um pouco acima do chão". Ao ser perguntado a respeito de sua mudança de nome, respondia:  
  "Gullar é um dos sobrenomes de minha mãe, o nome dela é Alzira Ribeiro Goulart, e Ferreira é o sobrenome da família, eu então me chamo José Ribamar Ferreira; mas como todo mundo no Maranhão é Ribamar, eu decidi mudar meu nome e fiz isso, usei o Ferreira que é do meu pai e o Gullar que é de minha mãe, só que eu mudei a grafia porque o Gullar de minha mãe é o Goulart francês; é um nome inventado, como a vida é inventada eu inventei o meu nome".
  Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1951, onde ajudou a fundar do movimento de poesia concreta, escreveu neste período o livro " Luta Corporal" (1954) , afastando- se do movimento cinco anos depois. Iniciando juntamente com Lígia Clark e Hélio Oiticica o neoconcretismo, em 1960 afasta- se deste movimento também para envolver-se com os Centros Populares de Cultura. Enquanto presidia CPCs, em 1964, Gullar que era filiado ao partido Comunista passa a fazer poesia de denuncia social, produzindo em 1968 a poesia " Por você, Por Mim", que tratava sobre o Vietnã. No ano seguinte após o Ato Institucional n. 5, é preso juntamente com outros artistas, músicos e militantes da época.
 Exilado durante cinco anos, morou em diversos países, durante esse tempo escreveu suas principais obras:  “Dentro da Noite Veloz” (1975) e "Poema Sujo" (1976) . Retornou Brasil em 1977, após ser absorvido pelo STF. Ferreira Gullar foi casado por duas vezes, seu primeiro casamento foi com Teresa Aragon; e o segundo com Cláudia Ahinsa; teve três filhos: Marcos, Luciana e Paolo Gullar. Em 2014, recebeu a honraria de ser considerado um dos imortais da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira de n. 37. Gullar morreu em quatro de dezembro de 2016, em decorrência de problemas respiratórios.




Dois e dois: quatro

Como dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
embora o pão seja caro
e a liberdade pequena

Como teus olhos são claros
e a tua pele, morena
como é azul o oceano
e a lagoa, serena

como um tempo de alegria
por trás do terror me acena
e a noite carrega o dia
no seu colo de açucena

— sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
mesmo que o pão seja caro
e a liberdade, pequena

                                      Ferreira Gullar







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